27 outubro 2009

Qualquer traço ou coisa que o valha

Que o vento me leve num descuido mudo,e que seja breve
para que eu aconteça fim-do-mundo antes que anoiteça
e segundo a segundo eu me ponha a ler entrelinhas
num livro qualquer, desfilando escuridão ou uma nota sem tom.
...vácuo...
que a noite me empurre de repente para as ondas de silêncio
que morrem tontas, quebradas na clausura de quem vive escuridão
só o som de respirar e suplicar ritmado, vendo pelo espelho (partido)
tanta e tantas estrelas num céu inacabado, tingido no último instante
de cor púpura pelo artista que foi primeiro carregado pelo vento.
... como um furacão...

22 outubro 2009

Longe dos outros

Quisera não voltar, não sair,
para sempre ao lado de meu anjo
que mesmo sem saber
abre suas asas sobre mim e me guarda.
E quando meu anjo não está
tenho medo do escuro...
tenho medo de tudo, tudo.
Quisera meu anjo não precisasse ir embora,
eu peço: Fique, já vai anoitecer!...
e em sua calma sagrada,
a calma que só quem ama pode ter,
ele me olha nos olhos, e fica.
Cantamos juntos a música da nossa vida
e parecemos levitar numa dança imaginária...
Suas asas me envolvem
e eu desejo jamais perder o seu olhar,
o calor do seu corpo no meu.
Quisera poder fazer a esse anjo
o mesmo bem que ele me faz...
pequenos gestos, olhares... tão perto...
sou êxtase.
A felicidade demora pouco e vai com ele,
com a sua presença santa
seu sorriso abrasador.
A quem ele protege quando não está ao meu lado?!?
Não penso, não quero,
quando está aqui é meu milagre, é meu.
Não sei se são as asas ou os olhos...
algo nesse ser me encanta
e me completa.
Quisera ele soubesse...
e eu pudesse dizer: Meu anjo, não vá,
a noite está tão linda... me espere,
me tome pela mão,
que quando o dia amanhece
não faço outra coisa senão te esperar.

 
 
 
*** para ouvir: Culture Club - Love is love ***

Anjo, anjinho

Vou pontilhar com estrelas reluzentes este espaço de chão que é teu caminho,
meu bebê, para que não te percas de mim
nem durante a mais profunda escuridão...
Elas serão como pontinhos luminosos
a te guiar de volta aos meus braços, sempre abertos,
sempre perto.
Quero-te livre do breu que cobre teus olhos...
Para guiar-te até meu colo, deixarei ladrilhos brilhantes na porta da tua casa,
como se com eles
pudesse pegar tuas mãos e deitar-te junto a mim
por minutos infinitos...
Tocar tua pele delicada com minhas mãos trêmulas,
parafraseando o ritmo de meu coração, desafinado por estar contigo,
sentir teu hálito quente e doce e tocar teus cabelos de nuvens,
meu doce encanto, eterna perfeição de minha vida torta.
Não te deixarei perder, nunca;
te beijarei com a violência mínima da longa espera,
e colocarei meu corpo junto ao teu, bem de leve,
para perpetuar a expectativa de sentir-te em mim
por segundos sem fim
com teus olhos de anjo me fitando...
Tua voz é minha poesia louca de todos os dias,
e me faz querer correr pra ti, amor solitário,
com um suspiro dolorido e interminável
de te amar tanto assim, e tanto mais que imaginava poder.

16 outubro 2009

Milimetricamente

... te amarei
independente
de gênero e número.
... hei de amar-te
além
de cama e mesa.
... nosso presente
tão passado
imperfeito
e malpassado.

14 outubro 2009

Da minha cabeça - que não sabe mais fazer poesia

Não sei mais fazer poesia;
As palavras fugiram de mim
assim...
Era tanto a rima que fazia
agora não sei mais.
O gosto era bom,
mas deixava os lábios em carne viva.
Parecia sonho
sem fim ou começo,
preces ou apreços,
alma carmim...
Não sei mais fazer poesia;
um anjo repete
palavras do meu versar
sem querer...
Meus poemas agora
são um pensamento em voz alta
atravessam a rua
e vão embora.
As rimas vem em sânscrito
e não consigo mais fazer poesias,
só esses retratos rasgados,
malditos, mal-amados.
Queria escrever sonetos
mas as palavras saíram
Para fazer um dueto
desenhar uma história inteira
e me afastar do cansaço
de querer fazer poesia
e fazer apenas poeira.

13 outubro 2009

Espera... espreita

Nunca foi amor
foi sonho.
Uma noite de inverno,
um espelho,
a hora da morte,
suspiro.
Não, não era amor,
nunca foi.
Adereço.
Me disseram da imperfeição,
mas que?
Não foi amor,
eu sempre soube.
Um chama,
gota de orvalho,
granizo.
Nunca foi amor que fica.

08 outubro 2009

Três Notas

Não era você
Nem sua sombra
Nem de longe
Nem com os olhos fechados
Nem com a luz apagada
Com chuva e trovoada
Com o pisca alerta ligado
Nada.
Não duvidava.



*** para ouvir: Lovebug - Jonas Brothers ***